segunda-feira, 27 de maio de 2013

Calmaria



Nada!
Horas e horas neste ponto morto
Onde caiu agora a minha vida...
Nem um desejo, ao menos!
Só instintos pequenos:
Apetite de cama e de comida!

Nem sequer ler um livro
Ou conversar comigo, discutir...
Nada!
Neutro, morno, a dormir
Com a carne acordada.

Miguel Torga, in "Diário (1939)


Um comentário:

Elen de Moraes Kochman disse...

Amo Miguel Torga! Suas poesias encharcam minha alma como a chuva que cai na terra!
Belo post!