segunda-feira, 30 de julho de 2012

Poema de Hilda Hilst


E por que haverias de querer a minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos. 
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

Do desejo - 1992