segunda-feira, 30 de julho de 2012

Poema de Hilda Hilst


E por que haverias de querer a minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos. 
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

Do desejo - 1992

3 comentários:

O meu pensamento viaja disse...

Quantas de nós se revê nessas palavras. São de uma crueldade de bisturi, como sempre é a verdade.

Dra. Cristiane Grande Jimenez Marino disse...

Oi Camila,
Estava no blog da Nina e encontrei um comentário seu com o endereço do blog. O nome Lispector me atraiu, sou vidrada na Clarice... E encontrei esta beleza de blog!
Adoro Hilda Hilst também.
Já virei seguidora.
Abraço

Camila Lispector disse...

Obrigada meninas, pelo carinho e atenção de vocês.
Bjo grande