domingo, 23 de maio de 2010

DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na
boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

2 comentários:

Ivan Bueno disse...

Camila,
Acho esta poema do Manuel Bandeira uma das grandes preciosidades da nossa literatura brasileira e portuguesa, em geral.
Tenho vindo por aqui, lido, mas fazia tempo que não comentava. Este poema é muito bom, é um grito poético.
Parabéns pela escolha.
Beijo grande.

Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com

Gustavo Fraga disse...

Nossa..... será que um dia um poema meu terá um décimo dessa beleza?