domingo, 21 de março de 2010

QUIMERAS DO MEDO

Você me pede que espere
não esqueça, a liberdade virá
(numa esfera indefinida,
incerto e tênue oxalá)

Bruscamente transformando
Alquimista do arremedo
pesquiso na entranha das sombras
a bisonha reação
dessa espera medonha
(além de medo e fantasia
covardia e titubeio
o que mais misturar?)

Com quantos metros de incerteza
se mede um esperar?
Como esperar, enfim
quando quem espera
nem sabe a cor das flores
que farão a primavera?

Quando se quer uma coisa
posta ao alcance da mão
o que é o esperar?
Recolher a mão ao bolso
ou o querer desligar?
Por que envelhecer nos dedos
o impulso desse tato?

E se recolho o braço
quem vai aguar meus jardins?
E se desligo o querer e diminuo
o passo
findo o compasso da espera
quem, onde, como e quando
despertará meu coração por mim?


Nelson Lopes de Figueiredo

"A vida tem dois rumos: o pessimismo e o otimismo. Este nos leva à vitória" Ivo Coelho

2 comentários:

Ivan Bueno disse...

Camila,
Gostei muito deste poema. Direto, humano, cotidiano, visceral, inquietante, latente.
Gostei muito da frase "Com quantos metros de incerteza se mede um esperar?"... que bela imagem.
Beijo grande.

Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com

Camila Lispector disse...

Ah, eu também amei este poema. É de um poeta aqui de Goiânia. Essa frase que você gostou, Ivan, agora é a minha frase do Msn... rsrsrs. É realmente belo, o poema.