Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, está calado, apenas olha fixamente Blimunda,
e de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago,
porque olhos como estes nunca se viram, claros de cinzento,
ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam ou o pensamento de dentro,
e às vezes tornam-se negros noturnos ou brancos brilhantes como lasca
de carvão de pedra. MC, 48
e de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago,
porque olhos como estes nunca se viram, claros de cinzento,
ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam ou o pensamento de dentro,
e às vezes tornam-se negros noturnos ou brancos brilhantes como lasca
de carvão de pedra. MC, 48
(...) mas agora só tem olhos para os olhos de Blimunda,
ou para o corpo dela, que é alto e delgado como a inglesa que
acordado sonhou no preciso dia em que desembarcou em Lisboa. MC, 48
Olhaste-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro,
Juras que não o farás e já o fizeste. MC, 49
Trecho retirado do livro Memorial do Convento, de José Saramago.
3 comentários:
Quisera eu ter os olhos de Blimunda, a incrível capacidade de enxergar as pessoas por dentro, desvendar-lhes os mistérios, os sentimentos...conhecer o mundo, e cada um, como eles realmente são; poder viver sem ser escravizada e sem seguir padrões. Desvendar o mundo através de minhas incertezas e questionamentos, vencendo a cegueira e vivendo intensamente.
Já tens, Camila, esses olhos... Perscruta seu interior... a resposta está lá...
Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça...
E vc tem, olhos e ouvidos, vc vê e ouve e eu agradeço...
(desculpe exclui o outro comentário sem querer...)
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