“Os sonhadores sonham do pescoço para cima, com os corpos seguramente amarrados na cadeira elétrica. Imaginar um mundo novo é vivê-lo diariamente, cada pensamento, cada olhar, cada passo, cada gesto matando e criando de novo, com a morte sempre um passo à frente. Cuspir no passado não é bastante. Proclamar o futuro não é bastante. A gente precisa agir como se o passado estivesse morto e o futuro fosse irrealizável. A gente precisa agir como se o próximo passo fosse o último, o que ele é. (…) Somos aqui da terra para nunca acabar, o passado nunca cessando, o futuro nunca começando, o presente nunca acabando. O mundo do nunca-nunca que seguramos em nossas mãos e vemos, mas que não somos nós mesmos. Nós somos o que nunca é concluído, nunca é modelado para ser reconhecido, tudo que existe mas que não é o todo, as partes sendo tão maiores que o todo que só Deus, o matemático, pode imaginá-lo”.
[Henry Miller in Primavera Negra. Trad. Ayando Arruda]
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